Battlefield 2042 – Review (Parte-3)
Problemas:
Quando você vai acumulando horas de jogo, alguns dos problemas que afetam Battlefield 2042, tornaram-se bem mais claros e evidentes. E uma coisa saltou imediatamente à vista: Battlefield 2042 não é um jogo ruim, longe disso. Mas tem claros problemas em termos de design e otimização e precisava de mais tempo de desenvolvimento. Embora o game esteja jogável, existem erros que são inexplicáveis estarem no jogo final.
A primeira e mais evidente é a falta de chat de voz para usuários de pcs. Em um jogo, que pela sua natureza, já exige um maior trabalho de equipe – seja qual for o modo de jogo – é difícil de justificar a ausência desta funcionalidade. Mesmo que a DICE já a tenha prometido implementar. Até podia ser um problema menor, não fosse o sistema de pings absolutamente inutilizável.
Sem chat nativo de voz? Sério DICE???
De fato, arrisco-me dizer que é mais eficaz gritar para o monitor, na esperança que os nossos colegas de equipe sigam as nossas indicações. Mais uma vez, é inacreditável que o mesmo estúdio que detêm a Respawn, que criou Apex Legends e por sua vez um dos melhores sistemas de pings do género, recorra a um sistema tão intrusivo, que desfoca por completo a imagem do jogo e ocupa uma parte substancial da tela.
A opção de recorrer a personagens em vez de classes, também me parece ser uma opção de design confusa, que pode causar estranheza. Por um lado, faz todo o sentido em Hazard Zone, devido à natureza mais concentrada do jogo que permite várias abordagens, de acordo com a composição das equipes.
Classes confusas:
No caos de All-Out Warfare a identidade dos personagens é diluída, ao ponto dos diferentes personagens não oferecerem uma jogabilidade distinta entre si. Qualquer personagem pode ser médico, suporte ou sniper, o que lhes retira um propósito claro, e em muitos casos as suas habilidades especiais não oferecem um poder, que altere fundamentalmente a experiência de jogo.
Fica a ideia de que, esta escolha, se prende com a necessidade de monetizar mais um elemento do jogo, com skins e novos operadores. A junção destes fatores no modo All-Out Warfare, leva muitas vezes, as partidas se tornem combates absolutamente desfocados, com a ação a decorrer sem grande propósito, num autêntico banho de sangue, onde não passamos de carne para canhão, a mercê de helicópteros, aviões ou dos hovercrafts, que por uma razão inexplicável, conseguem subir a edifícios na vertical e são mais resistentes que tanques.
A tudo isto, junta-se uma lista considerável de bugs, que encontrei ao longo do jogo, desde uma certa dificuldade em deitar-me no terreno, ou a estranha tendência das balas falharem o alvo, indo parar em Narnia. Às vezes por bloom das armas, outras vezes, pelo que pareciam ser problemas de conexão.
Progressão:
No que diz a respeito a progressão, não há assim tantas armas por desbloquear, especialmente quando comparado a outros lançamentos da franquia. À medida que subimos de nível recebemos novas armas, enquanto que para desbloquearmos os acessórios temos de efetuar abates com as mesmas. Nada de novo aqui, se não fossem os acessórios bastantes similares entre si, e em muitos casos oferecem melhorias difíceis de distinguir entre si.
A arma secreta de Battlefield 2042 é mesmo o seu modo Portal, que permite aos fãs de longa data da série, reviver os seus melhores momentos, numa nova geração. A criatividade e opções que oferece à comunidade já deu fruto a partidas fantásticas e aqui reside imenso potencial, especialmente para aqueles que preferem o gameplay clássico com classes definidas.
Veredito
Battlefield 2042 é o resultado da tentativa de uma ofensiva em várias frentes. All-Out Warfare é a grande vítima desta decisão, com várias questões aparentemente inacabadas de design questionáveis, no mínimo. Que prejudicam a experiência. Hazard Zone é sólido e o modo mais seguro, sem arriscar na fórmula de outros jogos, enquanto que Portal brilha trazendo de volta os melhores momentos dos antigos Battlefield. Pensando na longevidade, a DICE tem com Battlefield 2042 uma batalha difícil pela frente, pois acho que somente Portal não irá segurar os jogadores por muito tempo. Mas sim, existe muitas possibilidades de melhoras, e se a DICE souber lidar com isso. Pode sim deixar o game vivo por muitos anos.