Blog

Tudo que achamos importante compartilhar com vocês está aqui! ;)

As adversidades que as mulheres encontram no mundo dos games


Mulheres não se dizem gamers, mas jogam mais que homens no Brasil. Apesar disso, encaram resistência, da programação às partidas.

No mundo dos games

As mulheres jogam mais que os homens, mas se consideram menos gamers do que eles. Quando se tornam profissionais, têm dificuldade maior para conseguir patrocínio e sofrem preconceito e assédio ao entrar com nomes femininos no bilionário mercado dos eSports. Entre os desenvolvedores de jogos, elas são apenas 12%, segundo o Sioux Group. A desigualdade de gêneros nos games é gritante.

Integrante do Brazilian Crusaders, hoje um dos principais times de eSports do País, a estudante Danielle Andrade já havia lidado com o assédio online algumas vezes. Nada comparado, no entanto, às mensagens ofensivas e sexistas recebidas após sua indicação a melhor jogador de Rainbow Six: Siege (RSS) no Prêmio eSports Brasil.

“Esperava que fosse acontecer, mas foi pior do que pensei”

“Foram muitas pessoas me xingando, até mulheres, isso foi realmente um baque.”

Ela é a única jogadora entre oito nomes na disputa pelo título de número 1 no RSS, game de tiro com popularidade crescente em 2018.

Para Paula Bristot, bacharel em Tecnologia da Informação e autora do artigo A Representatividade das Mulheres nos Games, se assumir gamer é ter de provar constantemente que se é uma boa jogadora. É ter de conhecer muitos jogos e provar que joga horas a fio.

Não é difícil ouvir que homens têm vantagem biológica sobre mulheres nos games. Algo que não é real. Ao contrário dos esportes tradicionais, nos quais a aptidão física tem influência direta nos resultados, os esportes eletrônicos são pautados por reflexos e sinapses cerebrais — aspectos em que o gênero do competidor não faz diferença.

Partidas e patrocínios no eSports

Embora haja quem se sinta ameaçado pelo empoderamento feminino nos games, ter mulheres ativas no meio ajuda a elevar o número de jogadores tornando o mercado mais competitivo, dinâmico e inovador. Os eSports, apesar de serem algo novo, já alcançam cifras bilionárias ao redor do mundo.

Jogos como Counter-Strike: Global Offensive, League of Legends e Overwatch são líderes de audiência, e os integrantes das equipes que participam dos torneios são tratados com a mesma reverência e adoração.

Apesar disso, o machismo inerente que permeia a cultura gamer também afeta os eSports e as poucas mulheres que jogam profissionalmente precisam superar barreiras diárias para se destacarem.

Desde o início da sua carreira nos eSports, Danielle sofreu com o assédio. A princípio, ela se identificava como “Heitor” – e nunca recebeu uma mensagem maldosa ao usar nome masculino. Quando se assumiu como mulher, a Cherna, viu a situação mudar.

“Teve gente dizendo que eu trapaceava e era por isso que eu estava jogando bem, que não era o meu lugar, que meu irmão que estava jogando com a minha conta, e por aí vai.”

Enquanto não se identificava como mulher, Danielle chegou a receber propostas para jogar em times, que foram retiradas após ela revelar seu sexo. A jogadora de RSS também percebeu que empresas davam prioridade a seus colegas homens na hora de oferecer patrocínios ou parcerias.

“Os patrocinadores estão aparecendo agora por saberem da minha capacidade, mas percebo que ainda preferem homens a mulheres na hora de fechar alguma parceria”

Como denunciar

Em jogos, existem ferramentas específicas para denúncias de violências de qualquer forma (racismo, homofobia e assédio por exemplo). Se a vítima desejar, pode abrir um boletim de ocorrência na delegacia reconhecendo o crime cometido pelo ofensor ou levar até a justiça ao procurar um advogado e levando a documentação para isso.